07/02/2012

Évora: o Manifesto cresce e alarga-se




















Os subscritores do Manifesto em defesa da Cultura realizaram, na sede da Associação Povo Alentejano, no dia 3 de Fevereiro, uma sessão pública de apresentação dos objectivos do Manifesto. Cerca de 60 pessoas participaram nesta iniciativa que teve uma importante participação de associações, criadores, produtores e fruidores de Évora e de outras cidades da região, como Beja e Portalegre. Para além da contestação aos cortes impostos pelo actual governo à Cultura, a afectação de 1% do PIB para a Cultura afirmaram-se como motivos de luta e reivindicação a levar por diante.

Esta sessão contou com a participação de Pedro Penilo, artista plástico, Manuel Gusmão, poeta e ensaísta, Helena Serôdio, professora do ensino superior e crítica de teatro, Helena Zuber, economista e gestora cultural e José Russo, actor e encenador, primeiros subscritores do Manifesto.

As políticas dos vários governos têm constantemente discriminado o Alentejo. Também a política da actual gestão da Câmara Municipal de Évora, pelo ataque que tem vindo a fazer ao movimento associativo do concelho e, colocam muitas associações, produtores e criadores numa situação de agonia, por não honrar, desde 2009, o pagamento dos compromissos financeiros que assumiu.

Esta postura da Câmara Municipal antecipou, em Évora, as imposições e os ataques que hoje se vivem devido à intervenção da troika e do governo actual, com a imposição de um corte de mais 38% ao que estava contratualizado com as estruturas ligadas às artes.

Neste quadro, apontou-se a criação de um movimento de acção política e cívica em defesa da Cultura. A acção traduzir-se-á na afirmação de um projecto de políticas culturais alternativas que se oponha resolutamente (com ideias e com convicções) àquele que tem sido conduzido pelas políticas neo-liberais das últimas décadas. É necessário descentralizar e, simultaneamente, unificar o esforço no sentido de criar um Movimento pela Cultura que seja consequente, através de uma rede de contactos entre cidadãos que trabalham na Cultura mas também noutras áreas, e que estão mobilizados para fazer esta luta. É necessária a afirmação de ambição para o presente e para o futuro, mais além da solução de alguns problemas parcelares que dizem respeito aos artistas e aos agentes culturais. Trabalhar para que este processo envolva os artistas, os técnicos e o povo português em geral.

Por isso, a Cultura tem de ser afirmada como uma reivindicação popular básica, o que equivale a dizer que isoladamente ninguém conseguirá resolver os problemas da Cultura.

Este foi o desafio deixado a todos os presentes ficando bem claro que só com acções concretas e determinadas, onde a rua tem um papel determinante, será possível devolver a todos o direito à Cultura e à livre criação e fruição artísticas, factores determinantes para o desenvolvimento económico, social e cultural do país.